A obra de Maurice Ravel por Denison Souza (2017)
Ravel compôs 85 obras, mas, se excluirmos as obras perdidas ou destruidas e, mesmo apenas esboçada, como o ballet oratório Morgiane de 1932, nos resta apenas 81 obras compostas.
Destas oito dezenas de obras, pouco mais que um quarto do total (24 obras) é de alta qualidade. E posso separar 11 obras primas fora de série. Totalizando 35 obras excelentes, indispensáveis para conhecer Ravel muito bem!
Destas oito dezenas de obras, pouco mais que um quarto do total (24 obras) é de alta qualidade. E posso separar 11 obras primas fora de série. Totalizando 35 obras excelentes, indispensáveis para conhecer Ravel muito bem!
Século XIX, ainda tentando se encontrar:
As 30 primeiras obras, de juventude, não são dignas de nota. São todas do século XIX. Algumas peças se destacam, mas não tem o vigor e a maturidade raveliana.
São elas: Serenade Grotesque, Menuet Antique e a conhecida Pavane pour une infante defunte. Essa última, particularmente famosa, eu não suporto. Todas são obras para piano.
Aliás, assim como Brahms, nosso querido Ravel orquestrou algumas obras suas para piano e transpôs para o piano obras originalmente orquestradas. Vale ouvir as duas versões, pois sairam das mãos do mesmo autor. O mesmo não diria de Brahms.
Aliás, Maurice Ravel era o "cara" da orquestra, mas também do piano, mas também era o homem do teatro, um dos grandes expoentes do balé do século XX e o mestre da música de câmara também. Nunca escreveu música sacra, mas sua obra Trois Chansons (1914) é uma raridade para coro e solistas e tem um ar religioso nos dando uma ideia do que seria uma obra sacra de Ravel.
Nunca foi revolucionário, mas sempre foi inovador, sem abandonar o racionalismo classicista. Viveu a dualidade entre a razão da ciência e a fragmentação da linguagem artística no século XX. Escolheu a razão, mas sua música tinha algo de fluido e mágico.
Nessa fase tentando se encontrar, Ravel ficou de 1888 até 1900, portanto 13 anos. Não há obras primas aqui!
As 30 primeiras obras, de juventude, não são dignas de nota. São todas do século XIX. Algumas peças se destacam, mas não tem o vigor e a maturidade raveliana.
São elas: Serenade Grotesque, Menuet Antique e a conhecida Pavane pour une infante defunte. Essa última, particularmente famosa, eu não suporto. Todas são obras para piano.
Aliás, assim como Brahms, nosso querido Ravel orquestrou algumas obras suas para piano e transpôs para o piano obras originalmente orquestradas. Vale ouvir as duas versões, pois sairam das mãos do mesmo autor. O mesmo não diria de Brahms.
Aliás, Maurice Ravel era o "cara" da orquestra, mas também do piano, mas também era o homem do teatro, um dos grandes expoentes do balé do século XX e o mestre da música de câmara também. Nunca escreveu música sacra, mas sua obra Trois Chansons (1914) é uma raridade para coro e solistas e tem um ar religioso nos dando uma ideia do que seria uma obra sacra de Ravel.
Nunca foi revolucionário, mas sempre foi inovador, sem abandonar o racionalismo classicista. Viveu a dualidade entre a razão da ciência e a fragmentação da linguagem artística no século XX. Escolheu a razão, mas sua música tinha algo de fluido e mágico.
Nessa fase tentando se encontrar, Ravel ficou de 1888 até 1900, portanto 13 anos. Não há obras primas aqui!
Fase madura: início do século XX, primeiras obras primas de alto teor técnico e expressivo
As obras realmente boas começam a brotar no século XX. E Jeaux d'eau marca este início. Obra de 1901. Logo em seguida vem seu excelente Quarteto para cordas em F de 1902-3.
Destaco dessa segunda fase a maravilhosa e delicada Sonatine (1903-05), aqui um alto refinamento sem gesto esnobe. Mas, na minha opinião, Ravel atinge o ápice em sua obra-prima Espelhos "Miroirs" para piano (1904-05). Em 1906 Ravel dá a luz as Histoires Naturelles, ciclo de canção espetacular, do outro mundo, encantador...
Até agora só musica para piano e de câmara. Daí surge a primeira obra de grande escala: a ópera L'Heure Espagnole, de 1907. No mesmo ano, logo em seguida, compôs sua primeira obra puramente orquestral de alta relevância: Rapsodie Espagnole. Antes dela tinha composto, para orquestra, apenas a abertura Sheherazade, mas esta obra do século XIX não se compara com a famosa e belissima Rapsodie. No mesmo ano compôs uma canção cruel e madura chamada Les grands vents venus d' outremer, uma jóia, senhores!
É uma obra grandiosa atrás da outra, sem parar. A Espanha em sua obra tem a ver com a ascendência da mãe. Ravel foi, junto com Bizet, o compositor não espanhol que melhor escreveu músicas espanholas, sem nem sequer conhecer a Espanha. Ao contrário da abertura Sheherazade, o ciclo de canções para solista e orquestra, de 1903, chamado também de Sheherazade, é uma obra grandiosa.
E esta fase inicial do século XX se encerra com a obra prima para piano Gaspard de la nuit, de 1908, sombria, magia negra pura. É uma fase do desabrochar que dura 8 anos.
As obras realmente boas começam a brotar no século XX. E Jeaux d'eau marca este início. Obra de 1901. Logo em seguida vem seu excelente Quarteto para cordas em F de 1902-3.
Destaco dessa segunda fase a maravilhosa e delicada Sonatine (1903-05), aqui um alto refinamento sem gesto esnobe. Mas, na minha opinião, Ravel atinge o ápice em sua obra-prima Espelhos "Miroirs" para piano (1904-05). Em 1906 Ravel dá a luz as Histoires Naturelles, ciclo de canção espetacular, do outro mundo, encantador...
Até agora só musica para piano e de câmara. Daí surge a primeira obra de grande escala: a ópera L'Heure Espagnole, de 1907. No mesmo ano, logo em seguida, compôs sua primeira obra puramente orquestral de alta relevância: Rapsodie Espagnole. Antes dela tinha composto, para orquestra, apenas a abertura Sheherazade, mas esta obra do século XIX não se compara com a famosa e belissima Rapsodie. No mesmo ano compôs uma canção cruel e madura chamada Les grands vents venus d' outremer, uma jóia, senhores!
É uma obra grandiosa atrás da outra, sem parar. A Espanha em sua obra tem a ver com a ascendência da mãe. Ravel foi, junto com Bizet, o compositor não espanhol que melhor escreveu músicas espanholas, sem nem sequer conhecer a Espanha. Ao contrário da abertura Sheherazade, o ciclo de canções para solista e orquestra, de 1903, chamado também de Sheherazade, é uma obra grandiosa.
E esta fase inicial do século XX se encerra com a obra prima para piano Gaspard de la nuit, de 1908, sombria, magia negra pura. É uma fase do desabrochar que dura 8 anos.
Fase Extremamente Madura:
O que eu chamo de fase extremamente madura de Ravel, se inicia com aquela que eu considero sua maior obra prima em qualquer gênero: seu balé Daphnis et Chloé. Tanto é que levou quatro anos para terminar a obra: de 1909 a 1912. Nenhuma obra de Ravel teve uma gestação tão dificil até então.
É uma fase milagrosa! Insere obras maravilhosamente dificeis como o Menuet sur le nom de Haydn; a belíssima Ma mere l'Oye; Valses nobles e sentimentales; os três poemas de Stephane Mallarme, sem emoção, bem cru, extraordinário; o amado e idolatrado, intimista e aristocrático Piano Trio; Le Tombeau de Couperin, obra clássica para piano que não tem medo de ser bela; a genial ópera, obra prima maior, L'Enfant et les Sortileges; e fechando tudo, a espetacular La Valse. Periodo que vai de 1909 até 1920 (12 anos). Essa ópera e La Valse já prevêem a sombra e a crueza que pairará sobre a fase seguinte.
O que eu chamo de fase extremamente madura de Ravel, se inicia com aquela que eu considero sua maior obra prima em qualquer gênero: seu balé Daphnis et Chloé. Tanto é que levou quatro anos para terminar a obra: de 1909 a 1912. Nenhuma obra de Ravel teve uma gestação tão dificil até então.
É uma fase milagrosa! Insere obras maravilhosamente dificeis como o Menuet sur le nom de Haydn; a belíssima Ma mere l'Oye; Valses nobles e sentimentales; os três poemas de Stephane Mallarme, sem emoção, bem cru, extraordinário; o amado e idolatrado, intimista e aristocrático Piano Trio; Le Tombeau de Couperin, obra clássica para piano que não tem medo de ser bela; a genial ópera, obra prima maior, L'Enfant et les Sortileges; e fechando tudo, a espetacular La Valse. Periodo que vai de 1909 até 1920 (12 anos). Essa ópera e La Valse já prevêem a sombra e a crueza que pairará sobre a fase seguinte.
Fase Expressionista:
Esta época é riquíssima para quem quer se aprofundar em Ravel. Quem penetrar fundo nessa fase expressionista (a menos prazeirosa e brilhante) compreenderá em profundidade a sua música, a sua alma e os prodígios de refinamento, solidão e dor do compositor.
Esta fase começa com a genial, estranha e inusitada Sonata para Violino e Cello, composta em 1920 e terminada, com muita dificuldade, em 1922. Aí o terreno não é para fãs menores. Obra de ouvinte especialista em Ravel. É dessa fase a excelente obra Tzigane. Obra maduríssima, extremamente virtuosa, sem ser esnobe. Elegância e nobreza pura. Obra de 1924.
Dessa fase dificil de ouvir faz parte também a Sonata para violino e piano n.2, que levou 5 anos para ser terminada. A obra raveliana mais demorada para ser gerida (1923-27).
Depois Ravel dá a luz as Chansons Madecasses (um quinteto magnifico, obra-prima!) e Ronsard à son âme.
Essa fase expressionista dá origem a obras cruas. A canção Rêves, de 1927, parece até uma canção de Webern. curta, minúscula, adulta e cruel. Ainda bem que a obra mais famosa de Ravel, o Bolero, é dessa época (1928). Todos os seus concertos são dessa fase fora de série: Tzigane e os dois concertos para piano.
Ravel finaliza sua fase expressionista com chave de ouro. A última obra a sair de sua pena foi o ciclo de canção para barítono e orquestra chamado Don Quichotte à Dulcinée (1932-33), sério como Brahms.
Esta época é riquíssima para quem quer se aprofundar em Ravel. Quem penetrar fundo nessa fase expressionista (a menos prazeirosa e brilhante) compreenderá em profundidade a sua música, a sua alma e os prodígios de refinamento, solidão e dor do compositor.
Esta fase começa com a genial, estranha e inusitada Sonata para Violino e Cello, composta em 1920 e terminada, com muita dificuldade, em 1922. Aí o terreno não é para fãs menores. Obra de ouvinte especialista em Ravel. É dessa fase a excelente obra Tzigane. Obra maduríssima, extremamente virtuosa, sem ser esnobe. Elegância e nobreza pura. Obra de 1924.
Dessa fase dificil de ouvir faz parte também a Sonata para violino e piano n.2, que levou 5 anos para ser terminada. A obra raveliana mais demorada para ser gerida (1923-27).
Depois Ravel dá a luz as Chansons Madecasses (um quinteto magnifico, obra-prima!) e Ronsard à son âme.
Essa fase expressionista dá origem a obras cruas. A canção Rêves, de 1927, parece até uma canção de Webern. curta, minúscula, adulta e cruel. Ainda bem que a obra mais famosa de Ravel, o Bolero, é dessa época (1928). Todos os seus concertos são dessa fase fora de série: Tzigane e os dois concertos para piano.
Ravel finaliza sua fase expressionista com chave de ouro. A última obra a sair de sua pena foi o ciclo de canção para barítono e orquestra chamado Don Quichotte à Dulcinée (1932-33), sério como Brahms.
As 11 obras primas absolutas:
Fase madura:
Fase madura:
1. Miroirs para piano
2. Gaspard de la nuit para piano
Fase extremamente madura:
3. Piano Trio
3. Piano Trio
4. Ópera L'Enfant et les Sortileges
5. Daphnis et Chloé
Fase Expressionista:
6. Sonata para violino e cello
7. Tzigane
8. Concerto para mão esquerda
9. Sonata para violino e piano n.2
10. Chansons Madecasses
11. Don Quichotte à Dulcinée
6. Sonata para violino e cello
7. Tzigane
8. Concerto para mão esquerda
9. Sonata para violino e piano n.2
10. Chansons Madecasses
11. Don Quichotte à Dulcinée
Outras 24 obras de Ravel de altíssimo nível:
Sonatine, Je d' Eau, Le Tombeau de Couperin, Valses Nobles et sentimentales, Ma Mere l'Oye, Rapsodie Espagnole, La Valse, Berceuse sur le nom de Gabriel Fauré, Quarteto para cordas, Três poemas de Stephane Mallarme, Histoires Naturelles, Cinco poemas populares gregos, Tripatos, Duas Melodias Hebraicas, Ballade de la reine morte d'aimer, Rosard à son âme, Rêves, Três poemas Scheherazade, Trois Chansons, Piano Concerto em G, Bolero, Alborada del Gracioso, Les grands vents venus d' outremer, Menuet sur le nom de Haydn.
Sonatine, Je d' Eau, Le Tombeau de Couperin, Valses Nobles et sentimentales, Ma Mere l'Oye, Rapsodie Espagnole, La Valse, Berceuse sur le nom de Gabriel Fauré, Quarteto para cordas, Três poemas de Stephane Mallarme, Histoires Naturelles, Cinco poemas populares gregos, Tripatos, Duas Melodias Hebraicas, Ballade de la reine morte d'aimer, Rosard à son âme, Rêves, Três poemas Scheherazade, Trois Chansons, Piano Concerto em G, Bolero, Alborada del Gracioso, Les grands vents venus d' outremer, Menuet sur le nom de Haydn.
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