Assim como Van Gogh, Bartók foi desses artistas que não vendeu em vida. Só ganhou notoriedade depois de morto. Já era estranhado na sua terra natal, imagine num país estrangeiro, onde passou o final da vida...
Seu conjunto de opus teve três fases:
A sua primeira fase segue a tradição do século XIX, como o Poema Sinfônico Kossuth. Vai de 1890, data de sua primeira obra Waltzer até a Fantasia, de 1895.
A sua segunda fase segue em direção ao Impressionismo, como no seu primeiro Quarteto de Cordas. Vai de 1895 até 1905, quando começa as pesquisas folclóricas.
A terceira fase de Bartók começa com as canções folks húngaras e segue em direção aos estudos folclóricos e acompanha a música popular do sudeste europeu, durante as quais investigou, junto com Kodály, canções ciganas da Romênia, Sérvia, Bulgária, Croácia, Ucrânia, Eslováquia, Turquia e norte da Africa, mas, centrando sempre em seu país: Hungria. Vemos na Suite de Dança e no Segundo Concerto para piano melodias húngaras e canções populares típicas.
Suas obras fundamentais são:
Três concertos para piano (n° 1 - 1926, n° 2 - 1931, n° 3 - 1945)
Divertimento para orquestra (1939)
Concerto para violino n° 2 (1938)
Concerto para orquestra (1943)
Música para Cordas, Percussão e Celesta (1936)
Seis quartetos de cordas (n° 1 - 1909, n° 2 - 1917, n° 3 - 1927, n° 4 - 1928, n° 5 - 1934, n° 6 - 1939)
Sonata para dois Pianos e Percussão (1937)
The Miraculous Mandarin (balé, 1926)
O Castelo de Barba-Azul (ópera, 1911)
Village Scenes - Falún (1926)
Dance Suite (Táncszvit) (1923)
Sonata para violino e piano n. 1 (1921)
Os seis volumes didáticos para Piano: Mikrokosmos (1926-1939)
Sonata para piano (1926)
Allegro Bárbaro (1911)
Talvez em Bartók seja mais eficiente analisar sua obra por gênero e não por fase:
Sua obra para piano solo é grande, mas, o conjunto Mikrokosmos domina este gênero. Basta ouvi-lo para conhecer o universo pianístico de Bartók. Incluo para conhecer mais a sua Sonata para piano, de 1926, uma verdadeira obra prima pouco conhecida, e seu famoso Allegro Bárbaro, de 1911.
Suas canções não são tão boas quanto as dos outros compositores do século XX; não era o seu forte, apesar da boa qualidade de seu material. Para quem quer se aprofundar, vale pesquisar as canções ligadas à tradição popular da Hungria. Escreveu muitas Folksongs de países do sudeste europeu e algumas canções baseadas em poemas e talvez sua canção mais curiosa seja as Village Scenes para dois sopranos, coro e orquestra. Música rica em ritmos eslovacos e bem interessante. Eu gosto muito. Tem uma versão das Village Scenes para voz feminina e piano, solene e muito agradável. Eu gosto muito dessa música! Sugiro!
Suas obras para orquestra são excelentes e muito apreciadas. E é completamente dominada por três obras tardias: a espetacular Música para cordas, percussão e celesta, o Divertimento para cordas (obra prima magnífica e pouco conhecida) e o célebre, mas, inferior, Concerto para Orquestra. Incluo como sugestão de audição as Suites de Dança.
Suas obras para palco inclui dois balés e uma ópera. A ópera é sua obra prima no palco. Tão dificil e original quanto Pelleas et Melisande, de Debussy.
Sua coleção de música coral, pequenina (apenas doze obras), só inclui de interessante a Cantata Profana.
Mas é no gênero música de câmara que o nome de Béla Bartók entra pra História para nunca mais apagar. Mesmo compondo 14 obras de câmara, se excluirmos os Quartetos de Cordas, aqui se destaca a excelente obra prima Sonata para dois pianos e percussão, a Sonata para violino solo e a Sonata para violino e piano n. 1 (obra que mais admiro de Bartók, se excluirmos os Quartetos) e mais nada em particular. Dentro ainda do universo da música de câmara de Bartók, os seus seis quartetos para cordas formam um capítulo à parte. Eles são vistos como os maiores quartetos já compostos desde Beethoven. São uma coleção, de fato, assombrosamente fora de série.
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