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CINEMA, MÚSICA, PINTURA

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Denison Souza, arte-educador, escritor free lancer;

meu trabalho já foi publicado no Jornal do Recôncavo e Correio da Bahia

domingo, 25 de novembro de 2018

Música Contemporânea, o que ouvir?



 O que ouvir dos mestres da música erudita de 1945 até os dias de hoje por Denison Souza 2018

O tempo da História da música é diferente da tabela do tempo da História Geral. O renascimento musical não se deu no mesmo tempo da Renascença Italiana e nem a fase de Beethoven para a música era a época do modernismo, apesar de a Era ser Moderna. Modernismo é a música que surge no começo do século XX, já com insinuações no final do século XIX. E compositor contemporâneo deve ter nascido de 1925 em diante. Por exemplo, Stravinsky já tinha escrito a Sagração em 1913. Ele nasceu antes de 1925. Mesmo que tenha morrido na década de 70, não é considerado contemporâneo. É um artista moderno. 

São muitos os mestres contemporâneos; só para ter uma idéia, existem 32 mestres consagrados do Renascimento na música. 57 mestres barrocos. No período clássico a mesma quantidade. E veja que, com o passar do tempo, alguns poucos tem importância superior na História e a maioria é apenas interessante. No Romantismo acontece dois fenômenos: dobra a quantidade de mestres relevantes: 130 mestres. E outra coisa que acontece diferente: grande parte dos mestres são de grande importância. Considero a fase romântica a menos interessante da História. Talvez por ter massacrado nossas mestes em todo o século XX. No século XX e XXI (ainda no começo) temos uma quantidade extraordinária de granes mestres: 295 mestres, dos quais, 71 artistas ainda estão vivos. 

E esses caras são especiais, porque vieram depois dos clássicos e negaram o Romantismo anterior criando uma música riquissima de timbres e expressão renovada, uma vez que eles já nasceram com toda a pesada herança de tudo que foi feito antes e tiveram o privilégio de poder ouvir discos e fitas de obras antigas.

Dicas de audição:
Começo pelo genial Une Saison en enfer (uma temporada no inferno), de Gilbert Amy. Uma das partituras contemporâneas mais ambiciosas e audazes. 
O melhor minimalista (tendência contemporânea) é Jean-Claude Éloy, nascido em 1938. Escute Shanti e a obra Gaku no Michi.
Um gênio grandioso é Sylvano Bussotti. Escute dele A paixão de Sade, The Rara Requiem e o balé Bergkristall, maravilha de balé. 

Na Alemanha, a jovem geração liderada por Manfred Trojahn e Wolfgang Rihm, cuja fama não ultrapassou ainda as fronteiras desse país. Escute as canções e obras de câmara. 
E ja se delineia a geração nascida nos anos 60: são seus representantes a francesa Suzanne Giraud (1958-) e o inglês George Benjamin (1960-). Vale ouvir suas canções e obras de câmara.

Pascal Dusapin é genial. Seus quartetos são imperdíveis! Escute seu concerto para flauta e o para piano. São músicas do mais alto nível essas dicas aqui.
Inglaterra é ópera! Todo compositor lá, mesmo contemporâneo, tem de enveredar os caminhos da ópera. Não tem jeito. Brian Ferneyhough é figura de proa da música britânica da década de 80. Escute Sonatas para quarteto de cordas, Funerailles I e II, Transit e procure por sua ópera Shadowtime. Todo inglês compõe óperas.

Mestre Dieter Schnebel: Korpersprache e Schulmusic, altamente experimentais.

Na música contemporânea tem de tudo, aqueles mestres mais classicistas, outros aleatórios como Lutoslawski (mas que controla o aleatório), os eletrônicos, os minimalistas, os ecléticos, os neobarrocos, os pós-serialistas, etc. 
Aqui constam obras capitais para que o iniciante tenha uma visão geral desse cosmo especial da música erudita onde cada mestre (galáxia) e seus gêneros (planetas) se revelam magníficamente ricos em variedade e expressão.

Falemos dos mestres vivos mais importantes...temos 71 mestres na ativa, mas vamos selecionar. Carlisle Floyd, Ersnst Mahle, Sofia Gubaidulina, Harrison Birtwistle, Arvo Part, Philip Glass, Leo Brouwer, Thomas Adès e o mais respeitado e antigo: Penderecki. Apenas Penderecki eu darei dicas de audição. Os outros ainda são muito novos e qualquer coisa é válido ouvir. Penderecki é gênio, Escreve em todos os gêneros e bem: Lamentos a memória das vítimas de Hiroshima, ópera Paradise Lost, Paixão segundo São Lucas, Cello Concerto, o grande Requiem Polonês e suas tantas sinfonias que ainda hoje escreve.  
Agora vamos falar dos gigantes provocadores: Mauricio Kagel: Sexteto para cordas, Match, Quartetos para cordas 1 e 2, Exposition. John Cage: Paisagem imaginária I e Sonatas e Interlúdios para piano preparado. Eliott Carter: três notáveis quartetos para cordas, Sonata para Cello e piano e Peças para Timbales.

Vamos ao grande ateliê europeu. Iannis Xenakis. Escute Polytopes, Nekuia, Ais, cheios de abstração lírica.  Gyorgy Kurtag é um mestre excelente. Escute Os dizeres de Peter Bornemisza, seu concerto para piano e soprano, Huit duos e 21 poemas de Rimma Dalos, surpreendente sequencia de Lieder para soprano. Aliás, tudo de Kurtag é delicioso de ouvir.
Outro gigante, Ligeti: Atmospheres, Lux Aeterna (usada em 2001, uma Odisseia), Requiem, Aventures, etc. 

Agora tratemos dos revolucionários eletroacústicos. A obra que é sempre citada como inaugural da música eletroacústica é Gesange der Junglinge, de Stockhausen. Escute dele também Gruppen. A música concreta surge com Pierre Schaeffer e Pierre Henry: A Symphonie pour un homme seul foi a primeira obra da música concreta, revelada em 1950 para um público estupefato. Escute Sigma de Ivo Malec e Deserts de Varèse. E também Pierre Barbaud: O mistério do Atelier 15.
Os iniciadores do movimento contemporâneo são Andre Jolivet, Daniel Lesur e Olivier Messiaen. Daniel Lesur, escute Le Bal du Destin e Andrea del Sarto. De Jolivet que criou obras na decada de 30, mas é importante para o que viria nos anos 40, escute seu quarteto de cordas de 1939, Cinco danças  de 1939 e Missa para o dia da paz, de 1940.   
Messiaen é mais famoso. Escute dele Mode de valeurs et d'intensité. Essa obra abriu as portas de tudo que foi produzido nos anos 50. Suas obras mais espetaculares são Turangalila-Symphonie, Quarteto para os fins dos tempos e A Ascensão.

Boris Blacher: Sete estudos sobre metros variáveis, Lysistrata.
Wolfgang Fortner: Bodas de Sangue, Elisabeth Tudor.
Luigi Dallapiccola: Liricas Gregas, a ópera O Prisioneiro, Cantos de Libertação.
Michael Tippett: Concerto para Dupla Orquestra de Cordas, o Oratório A Child of Our Time e os deliciosos Quartetos para cordas.
Benjamin Britten: maior operista do século XX. Escute as óperas Peter Grimes e Morte em Veneza. Escreveu maravilhas em outros gêneros também: War Requiem, Illuminations, Variações sobre um tema de Purcell e outras obras mais. Foi o fundador do Festival de Aldeburgh.

E finalmente, Lutoslawski. Esse fazia um trabalho aleatório controlado magnífico. Sua música tem muita inteligência e expressão: Variações Paganini, Sinfonias 2 e 3, Marcha Funebre em memória de Bartók (adoro essa obra), Seu Quarteto para cordas é espetacular. O Triptico Silesiano para soprano e orquestra, tres poemas de Henri Michaux, Cello Cocerto e seu Concerto Duplo para Orquestra. Genial. 

Agora vamos para o famoso curso de verão de Darmstadt. Aqui encontramos os maiores gigantes da música contemporânea. Pesquise Pierre Boulez: Soleil des eaux, Pli selon Pli, Structures, Éclats e a obra Répons. Verifique o mestre Jean Barraqué: Séquence, Sonata para piano e o Concerto para Clarineta. Mestre Henze: entre seus grandes sucessos, Boulevard Solitude, A Jangada da Medusa e As Musas Sicilianas. 

Escute as obras magnificas para piano de Henri Pousseur (seria um Erik Satie mais evoluido).

Luciano Berio. Um dos grandes. Um gigante. Escute Círculos para voz feminina, Epifânia, sua Sinfonia, Sequenze e Laborintus. Luigi Nono é outro grande. Escute dele a obra Variações Canônicas, Canti, Incontri e também Polifonia Monodica Ritmica. E outro gênio, o veneziano Bruno Maderna. Sua obra para flauta e fita magnética é excelente, chama-se Musica su due dimensioni. Escute dele a obra Hyperion e o Terceiro Concerto para Oboé.

Se escutar essas obras sugeridas terá uma ótima noção da música feita de 1945 até os dias de hoje.E sairá da rotina de ficar tomando sopa fria com Schumann e Verdi.

Denison Souza - 2018

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