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CINEMA, MÚSICA, PINTURA

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Denison Souza, arte-educador, escritor free lancer;

meu trabalho já foi publicado no Jornal do Recôncavo e Correio da Bahia

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

RESENHA CIDADÃO KANE POR DENISON SOUZA

Por que este filme é tão valorizado? Primeiro, a trilha sonora do iniciante Bernard Herrmann é encaixadissima e revolucionária. Hermann depois viria a ficar famoso por fazer as trilhas sonoras do Alfred Hithcock, como Um Corpo que Cai e o célebre Psicose. Os primeiros minutos do filme é uma obra prima primorosa dentro de outra obra prima maior, onde a trilha sonora é anexada as imagens de uma forma nunca antes vista no cinema. O fato de Orson Welles estar com pouco mais de 20 anos e produzir, escrever o roteiro, atuar como ator principal e dirigir o filme, já revela uma genialidade por trás disso. E, pior, é o filme de estréia do diretor, que usou atores de teatro, desconhecidos da telona. O filme ser visto hoje pelos maiores e mais importantes críticos de cinema como o maior já feito, diz algo profundo. A fotografia é genial. Acho que é a parte mais revolucionária, além da narrativa não linear, nunca antes usada no cinema. So ganhou o oscar de melhor roteiro original, mas teve 9 indicações ao Oscar. Você ouviu bem??? o diretor tinha pouco mais de 20 anos e recebeu nove, eu disse noveeeee indicações nas categorias: filme, diretor, ator, direção de arte, fotografia, trilha-sonora, roteiro, som e montagem. Realmente isso é demais! Um dos filmes mais comentados de todos os tempos. É considerado umas das obras primas do cinema. Foi arrecadado pelo filme, míseros 839 mil dolares, enquanto foram gastos mais de um milhão, em 1941, para fazê-lo. Cidadão Kane é um filme com características de épico, e estava pelo menos 30 anos a frente do seu tempo em todos os aspectos! Quer que eu repita????? EM TODOS OS ASPECTOS! Vamos começar pela espetacular fotografia de Gregg Toland, que para mim é uma das top 5 melhores fotografia do cinema, todos os ângulos de câmera, as metáforas, a edição de Robert Wise, os planos fechados, o uso da luz natural e artificial, as montagens de cenários são algo inexplicáveis, não tem palavras que explique aquilo, o roteiro, que ganhou o oscar, de fato, é ótimo, usando flashbacks (algo novo na época) e ainda sem efeitos pra mostrar que era flasbeck e a linha do tempo a seu favor, tudo explorado de maneira magnifica, a trilha sonora é precisa, e as atuações são muito boas, principalmente a de Orson Welles que faz um trabalho magnifico, como diretor e ator, vale uma referencia as cenas “Pós credito” que explica que todos os atores são novatos, legal falar também que o nome do diretor de fotografia Gregg Toland é creditado ao lado de Orson, isso também é inovador. Nenhum filme, depois dos créditos tinha imagens; isso virou mania agora nos filmes, mostrar cenas deletadas ou cenas complementativas, depois dos créditos. Cidadão Kane marcou a historia do cinema como conhecemos hoje e para quem for ver o filme hoje notará que a maioria das “coisas” são muito comuns hoje em dia e não entendera porque o filme é tão prestigiado, mas lembre-se que Cidadão Kane Inventou esse monte de “coisas”. No roteiro, é relatado que a mudança na vida pacata de Foster Kane ocorre subitamente, quando sua mãe recebe como pagamento de um pensionista as escrituras de uma mina supostamente sem valor. Mas o fato era que a mina estava cheia de ouro e isso rende à família uma fortuna incalculável. Na verdade, Charles Foster Kane é uma criança que tem uma relação fértil com seus pais, sente livre e se diverte com seu velho trenó. Um dia, uma das maiores autoridades de Wall Street, Walter Parks Thatcher, visita Mary Kane, mãe do garoto, para tratar de sua pensão, que seria a mina Colorado. A firma de Thatcher foi contratada pela sra. Kane para também cuidar da recente fortuna de Charles. O jovem acabou tendo a sexta maior fortuna do mundo e foi criado por Walter. Kane, então, é tirado do convívio de seus pais e levado para ser educado por um grupo de empresários, que o moldam para a vida pública dos magnatas do poder. Cedo Kane compra um modesto jornal e passa a se tornar um jornalista implacável e impetuoso. Sua vida se torna recheada de jogos de interesse, luxo e fama. Em sua velhice, Kane manda construir para si uma enorme e esplendorosa mansão, batizada de Xanadu, em homenagem à mítica cidade asiática, conhecida por seus poetas como a capital do prazer. Em toda sua vida recheada de luxo, Kane é vazio, incompleto, porque ele perdeu sua vida. Ele lota sua vida material de coleções nostálgicas, sua mansão é um museu de seus desejos não realizados porque ele é vazio, e no fim tudo se perde. É lá que, isolado de tudo e de todos, morre, deixando para os personagens do filme o enigma de sua última palavra: Rosebud. Ao final, Thompson, após a exaustiva investigação da vida de Kane através de entrevistas, se vê incapaz de descobrir o significado da palavra. Muita gente acha que o significado é apenas a marca de um trenó, mas, ha algo mais profundo nisso tudo, em termos literais, “Rosebud” se traduz em portugues assim: “Botão de Rosa”, e é uma referência poética clara ao órgão genital feminino do prazer: o clitóris. A anatomia da genitália feminina é freqüentemente associada à forma de um botão de rosa pelos poetas. Assim, “Rosebud” simboliza aquilo que há de mais íntimo, de mais misterioso, mais escondido, mais particular, mais encoberto. Neste sentido, o autor Orson Welles reservou a palavra “Rosebud” para associar poeticamente àquilo que o personagem possuía de mais íntimo, de mais particular. “Rosebud” era o seu lugarzinho especial de prazer, onde só ele podia tocar, era seu refúgio particular onde ninguém, em toda sua vida conturbada, tinha acesso. Portanto, quando Welles coloca a analogia “Rosebud” elegantemente em uma tela de cinema, em 1941, só por isso já é possível ter uma idéia da grandeza literária de sua obra. Em Cidadão Kane, deste modo, Welles faz com que o espectador seja o grande privilegiado, porque só este descobre o verdadeiro sentido da vida de Kane, enquanto ninguém na trama jamais descobrirá. Isso também significa que é preciso estar fora da história para compreendê-la por completo. A vida só ganha sentido após a morte, mas não para os participantes da história, mas para o espectador, que é também o único a ser totalmente excluído da trama, e é por isso que ele está privilegiado. Aliás, quando o espectador assiste ao filme pela primeira vez ele ainda está participando da trama, em seu papel de espectador. Porém, o mistério só é revelado no final, quando a trama acaba, e o espectador só ganha o conhecimento quando o filme também já está consumado, junto com o personagem e seu segredo. Desse modo, o próprio filme, assim como o sentido da vida, só é revelado e só pode ser compreendido e refletido quando se está consumado. O roteiro é muito bom, que Welles escreveu com a ajuda de um jornalista chamado Herman J. Mankiewicz, sendo que a fotografia é muito revolucionária. Os planos, a forma de filmar, os ângulos, a luz, as vezes natural, as vezes artificial. Os sets de filmagem, os ambientes também são revolucionários, basta lembrarmos do ambiente imenso onde Kane faz comicios. Tudo é novo nesse filme. Tudo é experimental! Também na cena onde Kane aperta a mão de Hitler, os efeitos especiais se mostram muito além de seu tempo, imitado em Zelig por Woody Allen e em Forrest Gump por Robert Zemeckis. A edição do filme foi feita pelo iniciante Robert Wise, que depois dirigiria grandes filmes como Amor Sublime Amor e A Noviça Rebelde. Era uma equipe, de fato, fascinante. E que ninguém conhecia. Tudo isso faz de Kane um filme especial! Além do mais este filme trouxe reflexões e questionamentos que serão eternamente atuais e cuja qualidade técnica revolucionou e avançou o cinema proporcionando ou ao menos influenciando outras grandes obras, como por exemplo "E o Vento Levou". Além de toda inovação de roteiro e filmografia para o cinema, esse filme acima de tudo trata de uma busca interior de um estereótipo de homem que a sociedade normalmente vê como alguém que já tem tudo e é feliz, quando na verdade somos levados aos poucos a conhecer o que realmente foi ser feliz para ele, o que realmente faltou em sua vida... O filme estabelece o tom dele em apenas um minuto, desde o primeiro segundo de Cidadão Kane você tem a certa ideia que não é mais um filme. Assim que um monologo sobre quem foi Charles Foster Kane se conclui, a história se impõe por si e é levada com tanto preciosismo e dedicação do jornalista, que tem a missão de descobrir o que é "Rosebud", Edmund Cobb tem a importante missão de juntar as peças do quebra cabeças que é a história do homem mais importante daquele tempo. E assim temos um filme grandioso que chega naturalmente à perfeição. Com personagens marcantes e diálogos inesquecíveis. A trilha sonora é quase um personagem, a fotografia é essencial para a trama, pois a todo momento é necessária para a imersão e empatia com o Charles Kane; a direção também é genial, ela eleva os próprios níveis e sempre faz o publico sentir a necessidade de saber o que vai acontecer, mesmo sabendo que o personagem já morreu , pois o suspense muda de foco e passa ser descobrir quem ou o que é "Rosebud".

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