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CINEMA, MÚSICA, PINTURA

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Denison Souza, arte-educador, escritor free lancer;

meu trabalho já foi publicado no Jornal do Recôncavo e Correio da Bahia

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SOBRE A OBRA DE DJAVAN

Luz e Seduzir, os melhores discos de Djavan
Conheci Djavan, através de meu irmão Deilton, nos anos 80, graças aos discos Luz e Seduzir. Sempre fiquei fascinado por esse disco: Seduzir! O melhor disco jamais gravado por um nordestino. Aqui, Djavan cria uma obra-prima à altura de um Luiz Gonzaga e prova ser um gênio da MPB. O que me fascina é a mistura bem feita de jazz, samba e música africana. Os ritmos sincopados e melodias quebradas, os instrumentos inusitados e as letras geniais, além, é claro, da notória voz do mestre alagoano. O próprio Djavan escreveria em seu encarte: "O pouco que aprendi está aqui. Pleno. Dos pés à cabeça".
O disco Luz é ainda hoje o disco que mais contém hits de Djavan e, com certeza, é o melhor disco dele, junto com Seduzir. Foi gravado nos Estados Unidos.
Lilás, o pior de todos
Lembro que quando Deilton apareceu com o disco Lilás, logo em seguida, eu me decepcionei com Djavan. Não identifiquei aquela pureza que existia em Seduzir. Senti que Djavan havia se deixado influenciar por ritmos diversos demais e, sobretudo, o funk tornou sua música mais comercial. É um disco muito eletrônico, nada regional, nada acústico, gravado nos Estados Unidos também e quase nada brasileiro. Eu não gosto de Lilás e minha falha foi deixar Djavan de lado durante muitos anos devido àquele péssimo disco.
Meu Lado, um retorno ao Brasil
Se eu tivesse conhecido Meu Lado, o disco depois de Lilás, não teria parado de pesquisar Djavan. Esse disco foi gravado no Brasil. Meu lado, além do retorno, é também um recomeço. Uma volta ao samba, já com estilo musical identificado pelo público, mas também um passeio por baiões, canções e baladas. Jogada inteligente de Djavan. Não há nenhuma música em destaque, assim como seu disco Novena, mas, é um bom disco. Não é marcante, mas, há um retorno à língua africana. É um disco sincero, coisa que Lilás não é. Só conheci recentemente. O disco que veio a seguir Não é Azul, mas é Mar não é um disco memorável. Djavan só iria chamar de novo atenção com seu disco Oceano.
Os primeiros três discos de Djavan
Agora, passado bastante tempo, pesquisando sobre o antigo mestre alagoano, descobri sua fase inicial, um pouco mais imatura, mas, tão boa quanto o disco Seduzir.
Foram três discos espetaculares lançados antes de Seduzir, meu disco predileto de Djavan, junto com Luz. Os três discos foram Djavan de 1976 e outro disco com mesmo nome de 1978. O terceiro é Alumbramento, um disco espetacular.
No primeiro disco está um grande carro-chefe...uma música que mostra de cara para quê ele veio...Flor de Liz, um samba marcante...memorável!!! Fato Consumado também é uma obra marcante. Na verdade, os três discos iniciais de Djavan são magníficos e bem sambísticos. Merecem ser conhecidos de seus fãs.
O segundo disco, mais maduro que o primeiro, nos apresenta a canção de abandono Dupla Traição, que já é um ensaio para obras-primas como Morena de Endoidecer e Faltando um Pedaço, do excelente disco Seduzir. Um disco agradável.
No terceiro disco, chamado Alumbramento, há as primeiras obras-primas realmente sérias de Djavan...obras magníficas como Meu Bem Querer, Alumbramento e Lambada de Serpente. Na faixa de abertura Tem Boi na Linha já percebemos o Djavan de Seduzir. Este disco também inaugura o hábito de Djavan de compor em dupla.
Percebi que esses três discos iniciais, junto com Luz e Seduzir, formam a fase clássica de Djavan, a que mais me identifico.
Oceano 1989
Mas, não é só de passado que vive a genialidade de Djavan. Discos maravilhosos depois do fraco Lilás foram lançados nos anos 80. Oceano é um disco quase perfeito...Curumim, a faixa de abertura, talvez seja a canção mais genial de Djavan, digna de estar no disco Seduzir...a faixa Oceano fez muito sucesso...é comercial, mas, é uma música belíssima e bem feita. Em Corisco, percebemos o Djavan dançante, comercial demais, típico de Lilás...que eu, particularmente, não sou muito fã. A faixa Cigano é bem experimental, apesar de dançante; acho uma bela faixa. Aquela bela mistura de samba com jazz está lá presente na faixa Avião. É um disco meio bom, meio fraco...Mal de mim, por exemplo, é uma boa balada no estilo Djavan.
Coisa de Acender 1992
Um disco sério, nublado...a primeira faixa já revela a nebulosidade do disco inteiro. Um disco maduro. Nunca Djavan começou um disco com uma música tão outonal. Não é à toa que há uma faixa chamada Outono . E as faixas seguintes seguem essa linha. Somente em Baile, uma música dançante, o clima frio é cortado. Mas, Baile é uma canção fraca. A faixa Linha do Equador é bela e tocou muito no rádio, e foi feita em dupla com o genial Caetano Veloso. Eu gosto deste clima outonal de Coisa de Acender, esse disco introspectivo...apesar da faixa Se..., que eu considero a pior música que Djavan já compôs.
Novena 1994
Mas, é Novena o melhor disco dos anos 90 de Djavan. Diria até que é o terceiro melhor disco, depois de Luz e Seduzir. O disco todo é genial e há pouco o que se falar. O primeiro inteiramente composto, produzido e arranjado por ele. Aqui há uma volta às suas origens e surge uma música mais sincera, menos comercial, sem precisar deixar as boas influências americanas. É um disco genial, genial mesmo. Diria até intelectual. A faixa Avô é uma das faixas mais sérias e de letra mais rica de Djavan. Disco experimental, genial. Foi o único Cd de Djavan que comprei. Tomei um susto quando ouvi essa obra-prima. É emocionante ver Djavan voltando a fazer boa música de novo.
Malásia 1996
É o predileto de Aline. É um disco perfeito. Todo agradável. É o primeiro disco que Djavan grava músicas que não foram composta por ele. No caso aqui são três músicas de outrem. É um ensaio para o disco Ária, que ele grava só com músicas dos outros. As músicas que foram composta por Djavan em Malásia são sóbrias, maduras, serenas. Mesmo uma música dançante como Deixa o Sol Sair, se revela, aqui em Malásia, menos comercial, menos dançante e mais pensante. Um samba funkiado sofisticadíssimo. A faixa experimental Malásia resgata a africanidade em Djavan, de Seduzir. Mas, aqui a sofisticação psicodélica vai longe. Mesmo a última canção Tenha Calma é uma obra espetacular. Aqui neste disco o naipe de metais foi acrescentado de forma espetacular à banda. Se tornou o meu quinto disco predileto de Djavan. Nada mais a acrescentar desta bolacha djavanesca que corre naturalmente como uma correnteza (título da canção de Tom Jobim que está neste disco).
Milagreiro, raíz total
Depois de Bicho Solto, um disco dançante e fraco, e depois de finalizar o século XX com um merecido AO VIVO, Djavan lança aquele que eu considero o quarto melhor disco de toda sua carreira. Milagreiro é um retorno musical à sua Alagoas, mas, também foi gravado lá. É o disco mais puro e genuino de Djavan. Uma afirmação de sua nordestinidade.
Depois de Milagreiro, apenas a confirmação de seu talento
Os discos lançados no século XXI, depois de Milagreiro, apenas confirmam o talento de Djavan e sua independência, uma vez que agora a gravadora é sua. Mas, não vem em nada acrescentar o que foi feito anteriormente.

Os melhores:
1. A fase Clássica – 5 primeiros discos
Com destaque para Seduzir e Luz
2. Novena
3. Milagreiro
4. Malásia
5. Coisa de Acender
6. Oceano

2 comentários:

  1. Djavan tem um estilo próprio e peculiar.
    Nunca tinha observado a mistura do jazz com o samba, mas ouvindo melhor, é isso mesmo.
    O que mais me fascina em Djavan é o docilidade com que interpreta suas músicas e que só ele sabe fazer.
    Enfim, Djavan é único.
    Ana Teresa

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  2. Eu fico feliz, Ana, que voce tenha percebido os detalhes que eu citei aqui...que bom...

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